segunda-feira, abril 05, 2010

You don't fool me

Não é certamente a melhor música dos Queen mas é a que mais me diz e mais me toca. Poderá ser pela repetição (da letra ou da frequência com que ouvi a música quando foi editada) ou também pela atmosfera gerada pelo video-clip, mas é uma outra recordação sonora que me faz querer fechar os olhos e viajar...
Talvez o que é afirmado no título e tão frequentemente na letra seja exactamente o que eles nos conseguem fazer?

Is there anybody out there?

Há músicas que espelham muita coisa com muito pouco. Os Pink Floyd conseguem-no de forma aparentemente tão simples que me arrepia. Esta música transporta-me para tantos sítios longe de tudo que nem se torna razoável tentar explicar por onde me faz passar. E a sua memória auditiva está tão presente no meu subconsciente que basta que numa frase sejam conjugadas algumas destas palavras para que se accione automaticamente a fotografia sonora que me faz ouvir este trecho e por consequente, partir em direcção a um lugar erróneo qualquer.

terça-feira, agosto 05, 2008

É tão bom ser menino!*

Já dentro do avião, enquanto vão chegando os últimos passageiros para descolarmos, comenta uma senhora enquanto se levanta do seu lugar:
- Vou buscar pastilhas para os meus ouvidos antes de levantarmos vôo.
Diz inocentemente a sua filha:
- Vais por pastilhas nos ouvidos?!?!

Não sei se era do sono que tinha se foi apenas vontade de me deleitar com aquela pergunta mais que pertinente, mas achei que aquela criança podia bem viver na sua encantadora inocência durante mais uns tempos sem ter de perceber como funciona a pressurização das cabines dos aviões, como as diferenças de pressão ao mudar drasticamente de altitude nos afectam o corpo, nomeadamente a pressão nos ouvidos e como mastigar uma pastilha ajuda a ultrapassar essa reacção.

*Para uma completa percepção do sentido deste título em muito complementa a escuta do fado cantado pelo António Pinto Bastos - Era Tão Bom Ser Menino. Não é que tenha grande admiração pelo senhor, antes pelo contrário, como pessoa não é alguém que me traga lembranças simpáticas; no entanto, tem algumas letras que me ficaram gravadas na memória e que são, independentemente da sua profundidade poética, histórias de verdadeiro sentimento.

quarta-feira, julho 23, 2008

Encore un fois

De volta a terras francas (após experiência au Maroc e breve estágio semanal à Paris), estou agora nas côtes du Rhône (se é que se pode usar o plural desta forma) para uma nova experiência profissional. Deveras bem mais agradável em termos de localização - Lyon é certamente uma cidade bem mais agradável que Casablanca; e espero que também em termos laborais (ambicionamos sempre melhorar, mesmo que a experiência anterior tenha sido já boa). Certamente que a nível linguístico servirá para consolidar os conhecimentos e o léxico gramatical, mas espera-se que os benefícios sejam bem mais abrangentes que estes últimos. De qualquer forma já há melhorias em termos de qualidade de vida e de experiências vividas: os dois rios que atravessam a cidade permitem óptimos passeios pós laborais, consumos nas esplanada circundantes; há também, segundo fonte segura, uma panóplia de restaurantes "estrelados" pela Michelin (enfim, pelo que percebi não são os restaurantes que são "estrelados" mas sim os Chefs) espalhados pela cidade (que, segundo sei de outra fonte, será a cidade europeia com maior densidade de restaurantes) que nos propiciam experiências palatais únicas e que, segundo a primeira fonte, convém aproveitar antes que levem com mais uma estrela em cima e o escalão deixe de ser admissível para o orçamento. Desde já posso regozijar-me de um jantar de duas estrelas que foi, para além de uma viagem à cozinha típica da região, uma novidade em termos de culinária. No entanto, nem só de estrelas se faz a cozinha da cidade, e há outros pequenos restaurantes típicos ("correntes") que enchem bem as medidas. Por outro lado, há também o cinema. Já deu para aproveitar para ver um filme francês que dificilmente estreará chez-nous, e embora as legendas tenham feito alguma falta para apanhar a história (principalmente os detalhes) a 100%, já foram duas horas e meia de filme bem passados. No entanto, há que ter sempre em conta as PPP, o que pode limitar algumas ideias. O preço de um bilhete de cinema na CNP (Cinema National Populaire - uma espécie de Cinemateca em formato de cadeia de cinemas) já ascende aos €7,50 e um bilhete num cinema comercial fica em €10,00; coisa que, para quem em Portugal pode ver filmes à vontade (dá muito jeito o Medeia Card!) ou a €5,50 já custa um pouco e limita as opções.
Mas enfim, il faut profiter (de la ville, des restaurants, des parcs, des quais, du cinèma) et c'est ça que souhaite faire pendant les mois que je serais ici!

terça-feira, maio 13, 2008

Olho de Falcão

Hoje de manhã, a caminho do trabalho, conduzindo na via rápida, vejo um pequeno corpo em cima do traço contínuo que separa a via da esquerda da berma esquerda e do separador central. Poderia ser um papel, um saco, um animal morto, uma pedra... não era perceptível à distância a que inicialmente o avistei. Conforme ia naturalmente avançando na sua direcção, comecei a ganhar noção das suas proporções, formas e cores. Percebi que ganhava uma postura vertical, bastante estável e não influenciada pelos vários automóveis que por ele passaram. Um pouco mais perto e percebi que era um pássaro, vivo, de pé. Quando por ele passei tentei perceber exactamente o que era. Não posso estar cem por cento certo; a minha primeira ideia foi que se tratava de um mocho, até porque parecia que a cabeça estava virada de lado para o separador central (estando o corpo virado de frente para os carros que, como eu, seguiam nessa faixa), mas o seu tamanho pareceu-me demasiado pequeno para o que conheço dos mochos. As penas de tom castanho, mais ou menos escuras, e a dimensão do corpo e da cabeça, bem como a imagem que ficou do instante que consegui focá-lo, deixaram-me a pensar que seria um falcão. Sendo uma via rápida, não seria seguro abrandar muito (especialmente estando na faixa da esquerda), pelo que mantive uma velocidade constante antes, durante e depois passar por ele. Vi-o por breves segundos, contados ao ritmo do velocímetro, mas a sua imagem e a sua presença ficou-me presa na retina e na cabeça por vários minutos. Não só pela situação bizarra, mas principalmente pela postura que o pássaro mantinha: perfeitamente estático, de pé, de olhar no separador central quando lhe surgiam de frente dezenas de automóveis ruidosos a velocidades significativas, traçando tangentes mais ou menos chegadas. Parecia que nem uma pena se mexia, no entanto era perceptível que estava vivo. O que estaria ele ali a fazer? Como terá ido lá parar? Porque parecia tão indiferente a tudo o quanto se passava em seu redor? Seria capaz de sair dali sem mazelas? Eu não poderia ter feito nada para influenciar o desenrolar da sua situação, apenas o que fiz me garante que em nada o afectei - continuei a andar normalmente, sem ser demasiado curioso para que a tangente não fosse perto demais. Mas será que um outro condutor não se desviaria um pouco demais para cima dele? Será que, dada a sua aparente alienação, poderia levantar voo se tal acontecesse?

Fascinou-me o animal, fascinou-me a situação. Cruzam-se nos nossos caminhos coisas que não esperamos, que mexem com os nossos instintos e podem provocar as mais variadas reacções. Coisas que nos fascinam, que nos chamam para tentarmos entende-las melhor, desfrutar delas mais um pouco, mas talvez nem sempre seja essa a melhor coisa a fazer; há certas situações que temos de nos contentar por passar por elas e por nos darmos por felizes por termos continuado o nosso trajecto sem interferir com elas, garantindo assim que não lhes provocaríamos qualquer prejuízo, esperando que após a nossa passagem, tudo corra bem para que o seu percurso possa também continuar sem interrupções bruscas.

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Com um brilhozinho nos olhos

Estava a ver que não ia conseguir entrar aqui hoje. Logo agora que, após 3 meses e meio, consegui encontrar um minuto para escrevinhar alguma coisa, vi seriamente ameaçada a minha entrada no bloguer... isto porque o menu estava todo em árabe, da direita para a esquerda, onde as únicas palavras reconhecíveis eram as da minha conta de email que já aparece por defeito. Felizmente, mesmo escrevendo a password no sentido contrário, consegui entrar! Ah, tout ça parce que je suis au Maroc maintenant! C'est vrai. Mas felizmente que andei por muitos outros sítios entretanto... era isso que me vinha à cabeça agora, o diálogo que tive há pouco mais de um ano, quando enclausurado em casa em recuperação da operação, revelava as minhas ambições para o ano que então se fazia anunciar. 2007 seria, nos meus planos de então, um ano repleto de viagens pelo Mundo fora (porque a ideia era deixar a Europa para os anos de maior maturidade e explorar o resto do Mundo agora na frescura da juventude), com muitos continentes percorridos e muitas experiências para contar. Os planos não correram exactamente como o imaginado, pas de tout, mas numa perspectiva enviosada consegui muito do que queria. E não se julgue que a falta de crónicas ou relatos se deva à falta de concretização. Até porque não me recordo de ter viajado tanto num só ano.
Gostava (e pode ser que ainda o consiga vir a fazer) de relatar mais ao promenor todos os destinos e todas as experiências por que passei desde então, mas brevemente, consegui concretizar o desejo de voltar a matar saudades de Londres (business and pleasure); de matar saudades dos amigos que estão longe, não necessariamente no seu ponto de exílio, mas noutro país tão interessante como Itália (deu para conhecer Milão ao detalhe, o Lago Magiore, Florença, Pisa e Bolonha em contra relógio individual); descobrir de carro uma região tão bela como a Cataluña (mesmo que tenha implicado desilusões humanas), cheia de vilas à beira mar maravilhosamente calmas e agradáveis (Cadaqués), serras por descobrir (San Pere des Rodes), cabos por explorar (Cap de Creus) e ainda aproveitar para uma passagem breve por Barcelona para relembrar outras estadias; descobrir de bicicleta uma linda cidade que é Amesterdão (cujos atributos que a fazem hoje em dia chamativa para os turistas são o menos interessantes naquela rede de canais 'inundados' de velocípedes) e aproveitar para relaxar na bela Costa Vicentina, disfrutando de belas praias, grandes jantaradas e festa com os amigos. Por fim, heis-me aqui, au Maroc, por motivos de força maior, numa cidade alienada como é Casablanca. Pode ter o seu quê de interessante e belo, não só a cidade, mas certamente o país, mas a saturação do dia a dia não deixa grandes anseios por demorar muito mais. Mas justiça seja feita, que ainda há pequenos promenores que dão uma alegria no peito e revelam como as coisas menos vistosas podem ser bonitas na sua essência. E com isto tudo dá para ver como cumpri em parte os meus objectivos, sendo que afinal a Europa foi previligiada, mas ainda deu para por um pé em África pela primeira vez. Ficou por cumprir foi o desejo de ir fazer umas visitas à Big Apple, mas outras oportunidades surgirão.
Bem, fico-me por aqui porque o título deste post já se começa a justificar com o sono que me está a vir e para com o qual estou já em falta em algumas horas... (e espero que no fim de semana possa comprar o CD ao vivo e alegrar-me com esta e outras canções). Conto mais tarde recordar as outras experiências pessoais que me acompanharam nestas e em outras viagens no ano transacto - sim, porque agora já se iniciou outro ano gregoriano e há outros objectivos a (tentar) cumprir.

sábado, outubro 27, 2007

Tempo de Vacas Gordas

Hoje, após muitos dias sem o fazer, consegui reunir mais uma vez forças para concentrar uma pequena ideia e pô-la "em papel" (na verdade apenas aqui).

No decorrer desta semana cheguei a uma conclusão sobre mim - estou a passar por um período de fartura extrema. E isso nota-se logo no ar mais redondo com que me vejo nas fotos dos últimos tempos, mas também nos sorrisos que se desenham nos meus lábios e na tranquilidade que me passa pelo corpo. E nos vários rescaldos que vou fazendo do que se tem passado comigo este último ano, não vejo muito que me faça ficar triste, que tenha sido um sacrifício ultrapassar. Ou será que essas coisas estão escondidas dentro de mim? Acho que não, que de tudo que me consigo lembrar, que o saldo é sem dúvida super-havitário. E traz-me tanta alegria sentir que as coisas na nossa vida são tão boas, são tão simples e por isso tão "fullfuling".
Voltando às fotos e às minhas linhas arredondas (não é que eu esteja a basear a minha vida no meu aspecto físico, mas de acordo com várias opiniões que considero totalmente válidas e preocupadas com o meu bem-estar, estou a precisar de tomar atenção), ainda dá para perceber uma evolução que tem uma certa explicação lógica. Passo a explicar: as fotos do início do ano não revelam tanto essa fartura, que é capaz de se ter começado a acumular com o passar dos acontecimentos e o acumular de alegria e boa vida. Já as provas do crime mais recentes, mostram melhor tudo o que se foi juntando. Mas a culpa não é só minha! A malta este ano resolveu andar a fazer casamentos, férias com fartura, eventos bem recheados de farra, abundância de coisas boas... e para alguém que não gosta de se limitar só porque tem de ser ou fica bem e que gosta de tirar o prazer das coisas que tem disponíveis no momento, isso é uma tentação difícil de resistir. E como dizia o outro - o corpo é que paga!
A minha sorte é que eu não me arrependo de nada e sinto-me feliz por ter podido tirar partido de tudo! E assim espero poder continuar a fazer, talvez tendo um pouco mais de peso na consciência... E isso já o estou a conseguir fazer noutro aspecto. Este ano a fartura foi também estupidamente parva em termos de acontecimentos musicais. E foi tanta e tirei tanto proveito dela que embora não tenha tido conseguir ver tudo o que queria, fiquei mais que "cheio" com a dose que tive. E ainda está para vir muita coisa de boa, mas já consegui meter na minha cabeça que tudo o que ainda está para vir também não pode ser disfrutado. Por isso limito-me a mais um deleite nos próximos meses.

E agora que o frio já chegou e que já me entra pela janela dentro, que já tenho todas as reservas acumuladas para o enfrentar com conforto, vai saber-me tão bem gozá-lo!

sábado, maio 26, 2007

Acordar a sonhar

Hoje acordei de uma forma muito estranha... Acordei com a cara encostada à almofada, de lado, a cuspir para a fronha e para o lençol. Quem me visse pensaria que tinha apanhado um pifo na noite anterior e que estava prestes a mandar tudo para fora, mas a realidade é que estava a sonhar. O sonho foi bastante estranho, longo e com várias narrativas misturadas (como costuma acontecer em alguns dos meus sonhos).
Na parte final, antes de começar a despertar, tinha ido usar um tubo de super-cola para colar uns papéis que faziam de lentes numa armação de óculos que serviam apenas como decoração em casa da mulher do meu pai. Para fazer uso da super-cola, e porque tinha as mãos ocupadas com os papéis e a armação, e a cola está num armário no meio do corredor sem sítio para pousar as coisas, tive de me socorrer da boca. Assim sendo, peguei no tubo com a mão que tinha a armação, meti a tampa do tubo à boca e girei para abrir. Apliquei um pouco de cola nos papéis que estavam na outra mão, mas como toda a gente que já usou essas colas sabe, não é linear reter a cola na quantidade desejada nem evitar que surjam fios de cola entre o tubo e a superfície onde esta foi aplicada. E foi isso que me aconteceu: uma mão com a armação e o tubo, outra mão com os papéis com cola a mais onde não devia, um fio a ligar os dois conjuntos e a tampa na boca. O instinto foi então tentar rapar algum do excesso de cola nos papéis com o tubo e avançar com a tampa para o tubo o mais celeremente possível.
Claro que isto tudo me deixou com as mãos e a boca e a zona circundante cheios de restos de cola, e depois de colar os óculos à pressa, fui logo para perto de uma torneira lavar (raspar) os resquícios de cola das mãos e da face. Dada alguma experiência em raspar cola das mãos e visto que a face (boca e arredores) é uma zona bem mais crítica, resolvi avançar de imediato para a lavagem dela. No entanto, a lavagem (e raspagem) não parecia estar a ser muito bem sucedida e lembro-me de olhar em frente para o espelho e de ter os lábios todos deformados/acachapados pela cola e de ter uma espécie de ranhoca seca e brilhante de cola entre a boca e o nariz. Pensei que pelo menos não tinha ficado com a boca selada (não que se perdesse muito) mas começou a irritar-me estar naquelas figuras. E os cheiros e sabores da cola estavam a começar a entranhar-se pelo nariz e pela boca e começava a ficar insuportável para mim toda aquela invasão... Vai daí que começo a cuspir para expulsar esses maus odores e sabores; a cuspir para a esquerda, a cuspir para a direita; tentando ir buscar à saliva o odor da cola que insistia em se fazer sentir... mas não era com sucesso que isso acontecia. E por isso cuspir tornou-se uma coisa incessante e cansativa, mas que não podia parar. Não pelo menos até aquelas desagradáveis sensações desaparecerem. Mas elas não desapareceram, porque antes de eu ter sucesso, acordei e dei comigo a fazer aquela figura estúpida na cama. Vou ficar naquele sonho para sempre com cola na cara, a tentar livrar-me dela às cuspidelas? Espero não ter esse mau destino.
Muitas outras noites tive o mesmo tipo de experiências, de sonhos que chegavam a fases críticas e que de repente acabavam com o despertar, sem que nenhuma conclusão pudesse ser alcançada e ficando a meio de coisas que talvez fossem o mais relevante no sonho. Já consegui por vezes forçar-me a adormecer de novo e retomar o sonho, mas acho que mesmo assim a evolução deste não era tal de chegar ao ponto em que pudesse ver as letras FIM. Se calhar os sonhos que chegam ao fim são aqueles que depois de acordarmos já não nos lembramos deles; que ficam perdidos para sempre nas nossas cabeças.

Curiosidade histórica: Quando era mais novo tive uma vez um despertar causado por um sonho. Foi um sonho traquinas para mim na altura, em que eu estava a meio de uma aula de natação e comecei a ficar aflito para ir fazer xixi, só que não me aguentei e comecei a fazer dentro da piscina. Naquela altura ainda não existiam aqueles colorantes que identificavam quem urinava dentro de água, por isso não fui descoberto por ninguém, mas o que descobri foi que estava a começar a fazer xixi nos lençóis da minha cama e aí já não eram precisos colorantes nenhuns para se perceber o que eu tinha feito. Felizmente, e se a memória não me atraiçoa, acho que o derrame foi mínimo e que os danos no ecosistema circundante foram ínfimos, conseguindo as equipas de resgate encaminhar a fonte para o sanitário mais próximo.

Note - Mr David Lynch and friends, any motion picture with scenes here related must generate a revenue for the author/character of these tails.

sábado, abril 14, 2007

Promises to keep, explanations to give... better later than never

No início de Março passado tive mais uma vez a oportunidade de ir visitar a Londres os meus já habituais anfitriães. No sábado à noite que lá passei, fizemos um jantar na sua casa - Caipirinhas, Humus, Salsa mexicana, Guacamole, Tortilhas e Crackers para entrada e um fenomenal Chili con Carne para prato principal. Deva-se acrescentar que a Salsa puxou bastante pelas Caipirinhas, não sei porquê mas foram escolher logo a mais picante que se vendia no supermercado! Mas ninguém se recusou a provar e todos sentimos os calores que aquilo dava! Enfim, foi um óptimo repasto e que me deixou a espirrar no final. E aqui é que está a causa deste post - os espirros. Na altura fiz as explicações do fenómeno e também prometi que o meu próximo post no blog seria acerca do assunto. E não será por a distância temporal a esse momento ser já prolongada ou por a distância fisica que me separa deles incluir várias nações e um mar pelo meio que essas explicações não sejam devidas.
Já é algo que me acompanha desde que me lembro de mim. As primeiras manifestações deste género não eram minhas (se eu bem me lembro); eram antes do meu pai*, que normalmente após uma refeição bem provida soltava repetidos espirros (contam as lendas que seriam sete) em alto e bom som, sem qualquer limitação em termos de décibeis. As pessoas que presenciavam aquela manifestação pela primeira vez ficavam sempre impressionadas e meio estupfactas com o fenómeno... e faziam sempre questão de desejar saúde ou de o chamar de santinho (coisa em que não acredito são santos, tanto na terra como em qualquer outro lado), mas logo de seguida vinha a explicação dada em primeira mão e na primeira pessoa: aquilo não era uma reacção ao frio, vento ou uma corrente de ar; aquilo era ‘alergia à comida’! Não sei se é geneticamente transmissível ou se é meramente mimico, mas o certo é que com o passar dos tempos, sempre que havia uma refeição que me ‘enche as medidas’, comecei eu também a espirrar várias vezes seguidas em alto e bom som. E claro que a minha explicação não poderia ser diferente da orgulhosamente herdada – ‘alergia à comida’.
Foi isso que mais uma vez fiz em Londres após o jantar, quando comecei a espirrar desalmadamente e os meus parceiros de refeição olhavam para mim meio espantados. Vi-me na obrigação de lhes dar a explicação por completo, em várias linguas, falada e escrita e com todo o background que merece. E acrescentei uma parte de fundamentação pseudo-científica que comecei a elaborar faz já alguns anos. O que é que se quereria dizer com ‘alergia à comida’, sempre que ficando cheio de uma refeição isso nos faz espirrar? Para mim pode ter alguma ponta de explicação científica, senão vejamos: uma refeição deste género implica que o estômago está cheio até não poder mais, completamente dilatado e a começar a ocupar os espaços circundantes dentro do corpo. Isto implica que vários órgãos vizinhos são afectados por esta dilatação. Pensado que para cima do estômago estão os pulmões e que entre os últimos e o primeiro está o diafragma (pelo que eu me lembro das aulas de ciências da naturaza), faz parte da minha argumentação que os espirros da ‘alergia à comida’ serão então provocados pelos estímulos dados ao diafragma pela dilatação estomacal. Pode ser que um dia alguém o prove. Eu decerto que não deixarei de espirrar devido a esta causa, por isso creio que em certas refeições poderei ser um bom objecto de estudo. E já agora, numa próxima ocasião destas, não espero ser canonizado ou ficar mais saudável, apenas que tenha tido bom proveito do repasto!


* e já que o atraso foi tanto que calhou nesta data, são então devidas as felicitações pelo aniversário: Muitos Parabéns e Muitas Saudades!!!

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Ainda há Carnaval?

Estranhamente, e ao contrário do que costumo fazer durante os fins de semana e os feriados festivos, esta época de carnaval não foi uma época de folia e de borga. Não que algum acontecimento menos feliz me tenha levado a ficar mais reservado nas minhas actividades noctívagas; pura e simplesmente a disposição era outra. E já teria havido uma espécie de preâmbulo no fim de semana anterior. Acho que será um pouco cansaço (acho também que ainda não será saturação, assim o espero) e também o conjugar de algumas condicionantes que me levaram a ter programas mais recatados nestes dias.
No entanto isto também me trouxe à mente outras memórias e outros pensamentos. Das minhas reflexões e de conversas com amigas, surgiram do baú das memórias lembranças doutros tempos, de tempos em que o carnaval era celebrado de outra forma, mais 'nossa' e mais próxima das pessoas.
Confesso que me irrita um pouco toda a festa que se faz (agora) cá para o carnaval. Não acho que faça muito sentido que o carnaval em Portugal seja uma tentativa de imitação da festa que se faz no Brasil. Acho giro que as festas no Brasil sejam como são, toda aquela música (samba) e todo o espectáculo de cores e corpos, mas para além de não ter paciência para aturar aquilo mais que uns minutos, fico completamente insatisfeito quando tenho de levar com uma dose do mesmo (ou uma fraca tentativa de cópia) em qualquer lado que se festeje o carnaval em Portugal. Acho que nem mesmo a gigante quantidade de cidadãos das terras de Vera-Cruz justificaria que Portugal importasse tão massivamente os costumes do lado de lá do Oceano. Acharia normal que existissem alguns focos pelo país onde isso acontecesse, mas o que é verdade e o que me entristece é que nem é o brasileiro que tenta recriar e impor o carnaval á sua maneira cá, é o português que deve pensar que tem sangue brasileiro e que nesta altura do ano faz tanto calor cá como lá para poder andar para aí a tentar sambar tal como os nossos irmãos brasileiros o fazem no país deles (e com o clima deles e com o jeito deles para esta festa). Se calhar o português achou que comprar viagens para o Brasil na época de carnaval era demasiado caro comparando com outras épocas do ano e pensou que seria mais barato fazer a festa cá? Enfim, é apenas a minha opinião.
Mas o que eu queria lembrar era outros carnavais. Surgiu uma certa nostalgia sobre os carnavais que vivi quando era pequeno quando comecei a pensar sobre tudo isto e a falar com outras pessoas sobre o assunto. Não digo que aquilo fossem os carnavais à portuguesa, mas foram os carnavais que eu gostei imenso de disfrutar. Não tinham samba (no máximo tinham músicas do Roberto Carlos como o Calhambeque), não tinham máscaras exóticas onde o corpo fica mais de metade à mostra (estaríamos até bastante cobertos com trajes de árabes, super-heróis, princesas, palhaços, príncepes, polícias, índios, etc...) mas eram tão divertidos... Havia todo o tipo de apetrechos que se calhar hoje em dia já não seriam muito seguros (na óptica politicamente correcta das normas da CEE) tais como pistolas de fulminantes, bombinhas de mau-cheiro, bombinhas chinesas e afins, bisnagas, balões de água, ovos podres e farinha... tudo o que servisse para brincar ao carnaval! E era isso que era fantástico - a brincadeira que fazíamos no carnaval entre todos. Poderia ter sido por ser criança na altura, mas acho que não era essa a única razão. Tenho uma ideia minimamente clara que não eram só as crianças que brincavam ao carnaval, eram todos os que se reuniam, pais, tios, avós, amigos; toda essa gente participava da brincadeira e eram festas onde todos podiam ser mais uma vez crianças.
Parece que tudo isto se passou noutra realidade. Foi um tempo que as coisas pareciam mais inocentes e mais belas (aqui assumo que já será uma leitura do que foi a minha infância, certamente essa inocência não seria visível aos olhos de outros mais crescidos na altura). E acho que é isso que nos é transmitido sempre que ouvimos histórias de quando eramos novos (neste caso o eramos é relativo ao narrador e não necessariamente ao ouvinte). Ouvir os nossos pais, tios, avós ou outros mais velhos a relembrarem os seus tempos de criança ou de adolecentes transporta-nos de uma forma mágica para lá, como se estivéssemos a ver um filme diante dos nossos olhos, em que as coisas parece que acontecem com uma ordem harmoniosa e irradiam boas vibrações. Será que é uma condição obrigatória e incondicional que estes momentos desapareçam das nossas vidas conforme vamos crescendo e que passem a ser meramente lembranças de outros tempos? Ou conseguiremos nós ter para sempre uma criança dentro de nós que consiga disfrutar desses momentos mesmo quando por fora já somos tudo menos crianças? Talvez dependa da forma como cada um de nós encara a própria vida e o dia a dia que enfrenta.

domingo, fevereiro 04, 2007

Feliz Natal, Bom Ano Novo, Feliz Dia de Reis...

Longe vai o tempo que me atrevi a deixar o meu rasto por aqui da última vez... No entretanto muita coisa passou (como não poderia deixar de acontecer, não dá para parar o tempo e obrigar a que as coisas não aconteçam) e do que se passou seria de esperar que o blog registasse a sua maior enchente de registos e uma média de actualização mais do que diária. Afinal de contas estive um mês e uma semana de baixa em casa, sempre com acesso ao computador e à internet e sem grande coisa para fazer. Dado que os "TPCs" até nem eram muito frequentes, era a minha expectativa que eu me entretesse a escrevinhar o que me passasse pela mente, que pusesse em dia as diversas e múltiplas leituras que se acumulam na confusão do quarto. Infelizmente (ou talvez não, depende da análise feita) nada disso se passou, nada escrevi aqui e das leituras que queria pelo menos avançar, li uma página ainda na cama do hospital e adormeci num ápice. Não sei ao quê atribuir as culpas disto; não que eu me queira desculpar; mas será um pouco devido à preguiça, à falta de imaginação e quiçá à falta de estímulos que há quando o dia se resume quase na totalidade a estar num quarto deitado na cama. Está bem que agora temos a internet e a televisão, as duas maiores janelas que existem para o Mundo lá fora, mas sinceramente, não serviram para estimular as minhas ideias, pelos vistos.
No meio disto tudo, aconteceu a época mais festiva que há na nossa sociedade - a celebração do nascimento de Jesus. Não arrisco dizer que seja a celebração mais festejada no Globo ou que esteja presente nos quatro canto do Mundo porque tenho uma ligeira percepção que ainda haverá muito boa gente que não ligue pêva ao "menino-nas-palhas-deitado", mas tenho o receio que esta tradição tão nossa (leia-se ocidental) passe a ser mais um produto exportado/impingido pela lógica da globalização, tanto a nível da sobreposição de uma cultura sobre as "colonizadas" mas também ao nível da "descaracterização" da própria tradição, tornando-a meramente num produto económico. Não que eu seja um ferveroso adepto da tradição católica, mas tendo sido educado no seio de uma comunidade católica, tenho valores que se mantêm próximos dos seus e dou relevância a certos hábitos e rituais que a caracterizam. E no meio disso tudo, devo dizer que tenho especial interesse e gozo em disfrutar da proximidade que se gera nesta época entre os membros da família. É a oportunidade de conviver com os familiares, reencontrar aqueles que já há muitos dias, meses, anos não víamos, poder por em dia a conversa, saber como vão as coisas, "saborear" a sua companhia, nem que seja por menos de um dia. E ter a possibilidade de ir visitar as diferentes "frentes" da família, embora não permita alongar o tempo que se está com cada uma, sempre dá o conforto de poder ter estado lá com todos. No meu entender a cultura católica tem muita coisa de incongruente e estúpido, mas os valores da família e o apoio que na nossa sociedade ela é para o indivíduo são coisas deveras importantes e que devemos saber valorizar.
Depois da febre do Natal, vem o vírus da passagem de ano, a chegada do Ano Novo. Como já tive oportunidade de referir num dos posts iniciais, não sou adepto ferrenho das celebrações anuais, quaisquer que sejam, prefiro antes tirar partido extra de cada momento por que passamos. Mas o Ano Novo já é uma instituição mais que estabelecida em todo o Globo (mais uma vez exportado na sua versão gregoriana, mas enfim) e está consagrada como uma festa quase que obrigatória para todos os cidadãos do Mundo. Felizmente que também há quem seja indiferente a este fenómeno; seria pouco viável conseguir ter toda a população a festejar ao mesmo tempo num sítio. E se esse fosse o caso, não poderia ter passado o fim do ano como passei este ano. Este acontecimento para mim é mais uma desculpa para poder estar com os amigos. Desta vez fiquei-me pela capital, enquanto que uns foram para sul, outros para fora, eu resolvi ficar por cá, também devido a limitações fisicas e laborais. Mas o facto é que fiquei em muito boa e importante companhia e pude matar um pouco de saudades da minha "mana" ausente. Mas como estava a dizer, se toda a gente estivesse a celebrar a passagem de ano, não poderia ter passado esses minutos enfiado no metropolitano em circulação pela linha verde (inédito e sui géneris para mim numa passagem de ano) nem mais tarde na madrugada do primeiro dia do novo ano, ter ido a várias farmácias procurar um medicamento em falta para uma das convivas. O facto é que foi uma noite, madrugada, alvorada para "beber" do melhor que a amizade nos dá. Pode ser um bom prenúncio para o ano que então começou...
Fazendo um pouco de ginástica matemática, imaginando uma recta Real, temos um ponto simétrico ao Natal, relativamente à Passagem de Ano (ponto zero) - o dia de Reis. Contrariamente ao que se passa aqui ao lado com nuestros hermanos, por cá não se dá grande ênfase a este dia, pelo menos não da forma que eles dão. Mas coincidiu que este ano o dia de Reis calhasse a uma sexta-feira, a primeira sexta do mês (e do ano, por sinal), o que na nossa cidade significa nos tempos presentes que há festa na Comuna. Foi uma boa forma de aproveitar a entrada no primeiro fim de semana do ano, e também o início do fim da baixa médica. E também uma forma de encontrar (e desejar um bom ano) a outros amigos que não pudera encontrar até então neste ano bebé. Mas acima de tudo, de poder passar uma noite divertida e cheia de música e dança (no meu caso ainda a três pernas) na companhia de bons amigos. Se calhar mais um bom prenúncio para o resto do ano (será que vou dizer isto até dia 30 de Dezembro?) ou então são já os efeitos do prenúncio da passagem de ano?

Tudo isto faz-me mais uma vez dar valor ao que tenho, especialmente às pessoas que fazem parte da minha vida. É essa a beleza da vida, ter com quem a partilhar.

domingo, novembro 19, 2006

De fio a pavio

Qual o sentido? Tal como muitos outros dizeres e ditados que costumamos usar, não temos presente quando os evocamos (claro que falo por mim mas creio que seja uma situação generalizada), qual será a sua origem, o seu significado, como foi construído, qual o propósito inicial que tinha.
Hoje ao ver no cinema acenderem uma vela veio-me à cabeça a expressão "de fio a pavio". Fiquei um pouco a pensar sobre isso e rapidamente concluí que deveria ter algo a ver com o processo que envolve a feitura de pavios para as velas. Suponho que (e falo sem o mínimo de conhecimento de causa, exceptuando a observação que já fiz de alguns pavios ao longo da minha vida) os pavios sejam constituídos por vários fios singulares que se enrolam em conjunto, formando o todo final que arde nas velas. O exemplo prático que me lembrei para esta expressão foi "ler o livro de fio a pavio", ou seja, começar a ler o livro, página a página, capítulo a capítulo até atingir o seu final e ficar com a ideia global que nos queria ser transmitida nessas folhas. Não sei se esta minha interpretação da expressão é verosímel ou se é um completo disparate, mas fez sentido na minha cabeça. E como estava a apreciar o filme, achei que me podia ficar por ali no que a estes devaneios diz respeito.

Late in the afternoon

One week went by and the weekends couldn't be different, yet so close.
Last saturday I had italian (scalopini parmigiana) for dinner, caipirinha in Bairro Alto and Loft for disco until early sunday morning. This saturday I had portuguese (feijoada de gambas), Àgua das Pedras and Incógnito until mid-dawn.
Last saturday I came home guided by the fresh rays of sunshine of early sunday morning, this saturday I drived home between the thick mist of dawn.
One week ago I went to sleep at 8.00 a.m., yesterday I fell asleep near half past five. However, last week I got up around 12.00 a.m. and today I was only able to kick myself out of bed after three in the afternoon.
Last sunday my body was tired of all the liquids, smokes and sounds of the previous night. Today my body is resenting the heavy dinner I had the pleasure of taking last night.
Last sunday I went to a magusto (boiled and baked chestnuts along with some tea) at a friend's thru the afternoon and the evening. Today I went to the movies and had a spinaches' soup and a yogurt before going in the cinema.
A week ago I wrote here at 8.00 a.m. before going to bed, today I write at the end of the evening.
Curious thing, despite the different beginnings of both sundays, they were both bright and shinny days...

domingo, novembro 12, 2006

ALVORADA!

Está na hora de acordar, e eu ainda não dormi hoje...
Ontem fui jantar a um restaurante italiano (sem pizas) e depois passei pelo BA (efemeridamente) e acabei no LOFT. A noite foi longa, lá dentro não se via o evoluir da noite e do dia cá fora e quando saí de lá já um novo dia tinha nascido com o canto dos passarinhos. Fez-me lembrar outras noites noutras cidades, outras noites noutros sítios e noutras alturas. Mas soube bem ver o sol radiante do verão de S. Martinho a banhar-me com a sua calorosa força para enfrentar mais um dia! Viva Lisboa e o seu mravilhoso sol luminoso que nos dá outra alegria de viver!

LOFT

"É aquela pessoa que sabes que queres viver o resto da tua vida"
By Susana in LOFT at Carnaval 2006. Estavas uma gata!