sábado, outubro 27, 2007

Tempo de Vacas Gordas

Hoje, após muitos dias sem o fazer, consegui reunir mais uma vez forças para concentrar uma pequena ideia e pô-la "em papel" (na verdade apenas aqui).

No decorrer desta semana cheguei a uma conclusão sobre mim - estou a passar por um período de fartura extrema. E isso nota-se logo no ar mais redondo com que me vejo nas fotos dos últimos tempos, mas também nos sorrisos que se desenham nos meus lábios e na tranquilidade que me passa pelo corpo. E nos vários rescaldos que vou fazendo do que se tem passado comigo este último ano, não vejo muito que me faça ficar triste, que tenha sido um sacrifício ultrapassar. Ou será que essas coisas estão escondidas dentro de mim? Acho que não, que de tudo que me consigo lembrar, que o saldo é sem dúvida super-havitário. E traz-me tanta alegria sentir que as coisas na nossa vida são tão boas, são tão simples e por isso tão "fullfuling".
Voltando às fotos e às minhas linhas arredondas (não é que eu esteja a basear a minha vida no meu aspecto físico, mas de acordo com várias opiniões que considero totalmente válidas e preocupadas com o meu bem-estar, estou a precisar de tomar atenção), ainda dá para perceber uma evolução que tem uma certa explicação lógica. Passo a explicar: as fotos do início do ano não revelam tanto essa fartura, que é capaz de se ter começado a acumular com o passar dos acontecimentos e o acumular de alegria e boa vida. Já as provas do crime mais recentes, mostram melhor tudo o que se foi juntando. Mas a culpa não é só minha! A malta este ano resolveu andar a fazer casamentos, férias com fartura, eventos bem recheados de farra, abundância de coisas boas... e para alguém que não gosta de se limitar só porque tem de ser ou fica bem e que gosta de tirar o prazer das coisas que tem disponíveis no momento, isso é uma tentação difícil de resistir. E como dizia o outro - o corpo é que paga!
A minha sorte é que eu não me arrependo de nada e sinto-me feliz por ter podido tirar partido de tudo! E assim espero poder continuar a fazer, talvez tendo um pouco mais de peso na consciência... E isso já o estou a conseguir fazer noutro aspecto. Este ano a fartura foi também estupidamente parva em termos de acontecimentos musicais. E foi tanta e tirei tanto proveito dela que embora não tenha tido conseguir ver tudo o que queria, fiquei mais que "cheio" com a dose que tive. E ainda está para vir muita coisa de boa, mas já consegui meter na minha cabeça que tudo o que ainda está para vir também não pode ser disfrutado. Por isso limito-me a mais um deleite nos próximos meses.

E agora que o frio já chegou e que já me entra pela janela dentro, que já tenho todas as reservas acumuladas para o enfrentar com conforto, vai saber-me tão bem gozá-lo!

sábado, maio 26, 2007

Acordar a sonhar

Hoje acordei de uma forma muito estranha... Acordei com a cara encostada à almofada, de lado, a cuspir para a fronha e para o lençol. Quem me visse pensaria que tinha apanhado um pifo na noite anterior e que estava prestes a mandar tudo para fora, mas a realidade é que estava a sonhar. O sonho foi bastante estranho, longo e com várias narrativas misturadas (como costuma acontecer em alguns dos meus sonhos).
Na parte final, antes de começar a despertar, tinha ido usar um tubo de super-cola para colar uns papéis que faziam de lentes numa armação de óculos que serviam apenas como decoração em casa da mulher do meu pai. Para fazer uso da super-cola, e porque tinha as mãos ocupadas com os papéis e a armação, e a cola está num armário no meio do corredor sem sítio para pousar as coisas, tive de me socorrer da boca. Assim sendo, peguei no tubo com a mão que tinha a armação, meti a tampa do tubo à boca e girei para abrir. Apliquei um pouco de cola nos papéis que estavam na outra mão, mas como toda a gente que já usou essas colas sabe, não é linear reter a cola na quantidade desejada nem evitar que surjam fios de cola entre o tubo e a superfície onde esta foi aplicada. E foi isso que me aconteceu: uma mão com a armação e o tubo, outra mão com os papéis com cola a mais onde não devia, um fio a ligar os dois conjuntos e a tampa na boca. O instinto foi então tentar rapar algum do excesso de cola nos papéis com o tubo e avançar com a tampa para o tubo o mais celeremente possível.
Claro que isto tudo me deixou com as mãos e a boca e a zona circundante cheios de restos de cola, e depois de colar os óculos à pressa, fui logo para perto de uma torneira lavar (raspar) os resquícios de cola das mãos e da face. Dada alguma experiência em raspar cola das mãos e visto que a face (boca e arredores) é uma zona bem mais crítica, resolvi avançar de imediato para a lavagem dela. No entanto, a lavagem (e raspagem) não parecia estar a ser muito bem sucedida e lembro-me de olhar em frente para o espelho e de ter os lábios todos deformados/acachapados pela cola e de ter uma espécie de ranhoca seca e brilhante de cola entre a boca e o nariz. Pensei que pelo menos não tinha ficado com a boca selada (não que se perdesse muito) mas começou a irritar-me estar naquelas figuras. E os cheiros e sabores da cola estavam a começar a entranhar-se pelo nariz e pela boca e começava a ficar insuportável para mim toda aquela invasão... Vai daí que começo a cuspir para expulsar esses maus odores e sabores; a cuspir para a esquerda, a cuspir para a direita; tentando ir buscar à saliva o odor da cola que insistia em se fazer sentir... mas não era com sucesso que isso acontecia. E por isso cuspir tornou-se uma coisa incessante e cansativa, mas que não podia parar. Não pelo menos até aquelas desagradáveis sensações desaparecerem. Mas elas não desapareceram, porque antes de eu ter sucesso, acordei e dei comigo a fazer aquela figura estúpida na cama. Vou ficar naquele sonho para sempre com cola na cara, a tentar livrar-me dela às cuspidelas? Espero não ter esse mau destino.
Muitas outras noites tive o mesmo tipo de experiências, de sonhos que chegavam a fases críticas e que de repente acabavam com o despertar, sem que nenhuma conclusão pudesse ser alcançada e ficando a meio de coisas que talvez fossem o mais relevante no sonho. Já consegui por vezes forçar-me a adormecer de novo e retomar o sonho, mas acho que mesmo assim a evolução deste não era tal de chegar ao ponto em que pudesse ver as letras FIM. Se calhar os sonhos que chegam ao fim são aqueles que depois de acordarmos já não nos lembramos deles; que ficam perdidos para sempre nas nossas cabeças.

Curiosidade histórica: Quando era mais novo tive uma vez um despertar causado por um sonho. Foi um sonho traquinas para mim na altura, em que eu estava a meio de uma aula de natação e comecei a ficar aflito para ir fazer xixi, só que não me aguentei e comecei a fazer dentro da piscina. Naquela altura ainda não existiam aqueles colorantes que identificavam quem urinava dentro de água, por isso não fui descoberto por ninguém, mas o que descobri foi que estava a começar a fazer xixi nos lençóis da minha cama e aí já não eram precisos colorantes nenhuns para se perceber o que eu tinha feito. Felizmente, e se a memória não me atraiçoa, acho que o derrame foi mínimo e que os danos no ecosistema circundante foram ínfimos, conseguindo as equipas de resgate encaminhar a fonte para o sanitário mais próximo.

Note - Mr David Lynch and friends, any motion picture with scenes here related must generate a revenue for the author/character of these tails.

sábado, abril 14, 2007

Promises to keep, explanations to give... better later than never

No início de Março passado tive mais uma vez a oportunidade de ir visitar a Londres os meus já habituais anfitriães. No sábado à noite que lá passei, fizemos um jantar na sua casa - Caipirinhas, Humus, Salsa mexicana, Guacamole, Tortilhas e Crackers para entrada e um fenomenal Chili con Carne para prato principal. Deva-se acrescentar que a Salsa puxou bastante pelas Caipirinhas, não sei porquê mas foram escolher logo a mais picante que se vendia no supermercado! Mas ninguém se recusou a provar e todos sentimos os calores que aquilo dava! Enfim, foi um óptimo repasto e que me deixou a espirrar no final. E aqui é que está a causa deste post - os espirros. Na altura fiz as explicações do fenómeno e também prometi que o meu próximo post no blog seria acerca do assunto. E não será por a distância temporal a esse momento ser já prolongada ou por a distância fisica que me separa deles incluir várias nações e um mar pelo meio que essas explicações não sejam devidas.
Já é algo que me acompanha desde que me lembro de mim. As primeiras manifestações deste género não eram minhas (se eu bem me lembro); eram antes do meu pai*, que normalmente após uma refeição bem provida soltava repetidos espirros (contam as lendas que seriam sete) em alto e bom som, sem qualquer limitação em termos de décibeis. As pessoas que presenciavam aquela manifestação pela primeira vez ficavam sempre impressionadas e meio estupfactas com o fenómeno... e faziam sempre questão de desejar saúde ou de o chamar de santinho (coisa em que não acredito são santos, tanto na terra como em qualquer outro lado), mas logo de seguida vinha a explicação dada em primeira mão e na primeira pessoa: aquilo não era uma reacção ao frio, vento ou uma corrente de ar; aquilo era ‘alergia à comida’! Não sei se é geneticamente transmissível ou se é meramente mimico, mas o certo é que com o passar dos tempos, sempre que havia uma refeição que me ‘enche as medidas’, comecei eu também a espirrar várias vezes seguidas em alto e bom som. E claro que a minha explicação não poderia ser diferente da orgulhosamente herdada – ‘alergia à comida’.
Foi isso que mais uma vez fiz em Londres após o jantar, quando comecei a espirrar desalmadamente e os meus parceiros de refeição olhavam para mim meio espantados. Vi-me na obrigação de lhes dar a explicação por completo, em várias linguas, falada e escrita e com todo o background que merece. E acrescentei uma parte de fundamentação pseudo-científica que comecei a elaborar faz já alguns anos. O que é que se quereria dizer com ‘alergia à comida’, sempre que ficando cheio de uma refeição isso nos faz espirrar? Para mim pode ter alguma ponta de explicação científica, senão vejamos: uma refeição deste género implica que o estômago está cheio até não poder mais, completamente dilatado e a começar a ocupar os espaços circundantes dentro do corpo. Isto implica que vários órgãos vizinhos são afectados por esta dilatação. Pensado que para cima do estômago estão os pulmões e que entre os últimos e o primeiro está o diafragma (pelo que eu me lembro das aulas de ciências da naturaza), faz parte da minha argumentação que os espirros da ‘alergia à comida’ serão então provocados pelos estímulos dados ao diafragma pela dilatação estomacal. Pode ser que um dia alguém o prove. Eu decerto que não deixarei de espirrar devido a esta causa, por isso creio que em certas refeições poderei ser um bom objecto de estudo. E já agora, numa próxima ocasião destas, não espero ser canonizado ou ficar mais saudável, apenas que tenha tido bom proveito do repasto!


* e já que o atraso foi tanto que calhou nesta data, são então devidas as felicitações pelo aniversário: Muitos Parabéns e Muitas Saudades!!!

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Ainda há Carnaval?

Estranhamente, e ao contrário do que costumo fazer durante os fins de semana e os feriados festivos, esta época de carnaval não foi uma época de folia e de borga. Não que algum acontecimento menos feliz me tenha levado a ficar mais reservado nas minhas actividades noctívagas; pura e simplesmente a disposição era outra. E já teria havido uma espécie de preâmbulo no fim de semana anterior. Acho que será um pouco cansaço (acho também que ainda não será saturação, assim o espero) e também o conjugar de algumas condicionantes que me levaram a ter programas mais recatados nestes dias.
No entanto isto também me trouxe à mente outras memórias e outros pensamentos. Das minhas reflexões e de conversas com amigas, surgiram do baú das memórias lembranças doutros tempos, de tempos em que o carnaval era celebrado de outra forma, mais 'nossa' e mais próxima das pessoas.
Confesso que me irrita um pouco toda a festa que se faz (agora) cá para o carnaval. Não acho que faça muito sentido que o carnaval em Portugal seja uma tentativa de imitação da festa que se faz no Brasil. Acho giro que as festas no Brasil sejam como são, toda aquela música (samba) e todo o espectáculo de cores e corpos, mas para além de não ter paciência para aturar aquilo mais que uns minutos, fico completamente insatisfeito quando tenho de levar com uma dose do mesmo (ou uma fraca tentativa de cópia) em qualquer lado que se festeje o carnaval em Portugal. Acho que nem mesmo a gigante quantidade de cidadãos das terras de Vera-Cruz justificaria que Portugal importasse tão massivamente os costumes do lado de lá do Oceano. Acharia normal que existissem alguns focos pelo país onde isso acontecesse, mas o que é verdade e o que me entristece é que nem é o brasileiro que tenta recriar e impor o carnaval á sua maneira cá, é o português que deve pensar que tem sangue brasileiro e que nesta altura do ano faz tanto calor cá como lá para poder andar para aí a tentar sambar tal como os nossos irmãos brasileiros o fazem no país deles (e com o clima deles e com o jeito deles para esta festa). Se calhar o português achou que comprar viagens para o Brasil na época de carnaval era demasiado caro comparando com outras épocas do ano e pensou que seria mais barato fazer a festa cá? Enfim, é apenas a minha opinião.
Mas o que eu queria lembrar era outros carnavais. Surgiu uma certa nostalgia sobre os carnavais que vivi quando era pequeno quando comecei a pensar sobre tudo isto e a falar com outras pessoas sobre o assunto. Não digo que aquilo fossem os carnavais à portuguesa, mas foram os carnavais que eu gostei imenso de disfrutar. Não tinham samba (no máximo tinham músicas do Roberto Carlos como o Calhambeque), não tinham máscaras exóticas onde o corpo fica mais de metade à mostra (estaríamos até bastante cobertos com trajes de árabes, super-heróis, princesas, palhaços, príncepes, polícias, índios, etc...) mas eram tão divertidos... Havia todo o tipo de apetrechos que se calhar hoje em dia já não seriam muito seguros (na óptica politicamente correcta das normas da CEE) tais como pistolas de fulminantes, bombinhas de mau-cheiro, bombinhas chinesas e afins, bisnagas, balões de água, ovos podres e farinha... tudo o que servisse para brincar ao carnaval! E era isso que era fantástico - a brincadeira que fazíamos no carnaval entre todos. Poderia ter sido por ser criança na altura, mas acho que não era essa a única razão. Tenho uma ideia minimamente clara que não eram só as crianças que brincavam ao carnaval, eram todos os que se reuniam, pais, tios, avós, amigos; toda essa gente participava da brincadeira e eram festas onde todos podiam ser mais uma vez crianças.
Parece que tudo isto se passou noutra realidade. Foi um tempo que as coisas pareciam mais inocentes e mais belas (aqui assumo que já será uma leitura do que foi a minha infância, certamente essa inocência não seria visível aos olhos de outros mais crescidos na altura). E acho que é isso que nos é transmitido sempre que ouvimos histórias de quando eramos novos (neste caso o eramos é relativo ao narrador e não necessariamente ao ouvinte). Ouvir os nossos pais, tios, avós ou outros mais velhos a relembrarem os seus tempos de criança ou de adolecentes transporta-nos de uma forma mágica para lá, como se estivéssemos a ver um filme diante dos nossos olhos, em que as coisas parece que acontecem com uma ordem harmoniosa e irradiam boas vibrações. Será que é uma condição obrigatória e incondicional que estes momentos desapareçam das nossas vidas conforme vamos crescendo e que passem a ser meramente lembranças de outros tempos? Ou conseguiremos nós ter para sempre uma criança dentro de nós que consiga disfrutar desses momentos mesmo quando por fora já somos tudo menos crianças? Talvez dependa da forma como cada um de nós encara a própria vida e o dia a dia que enfrenta.

domingo, fevereiro 04, 2007

Feliz Natal, Bom Ano Novo, Feliz Dia de Reis...

Longe vai o tempo que me atrevi a deixar o meu rasto por aqui da última vez... No entretanto muita coisa passou (como não poderia deixar de acontecer, não dá para parar o tempo e obrigar a que as coisas não aconteçam) e do que se passou seria de esperar que o blog registasse a sua maior enchente de registos e uma média de actualização mais do que diária. Afinal de contas estive um mês e uma semana de baixa em casa, sempre com acesso ao computador e à internet e sem grande coisa para fazer. Dado que os "TPCs" até nem eram muito frequentes, era a minha expectativa que eu me entretesse a escrevinhar o que me passasse pela mente, que pusesse em dia as diversas e múltiplas leituras que se acumulam na confusão do quarto. Infelizmente (ou talvez não, depende da análise feita) nada disso se passou, nada escrevi aqui e das leituras que queria pelo menos avançar, li uma página ainda na cama do hospital e adormeci num ápice. Não sei ao quê atribuir as culpas disto; não que eu me queira desculpar; mas será um pouco devido à preguiça, à falta de imaginação e quiçá à falta de estímulos que há quando o dia se resume quase na totalidade a estar num quarto deitado na cama. Está bem que agora temos a internet e a televisão, as duas maiores janelas que existem para o Mundo lá fora, mas sinceramente, não serviram para estimular as minhas ideias, pelos vistos.
No meio disto tudo, aconteceu a época mais festiva que há na nossa sociedade - a celebração do nascimento de Jesus. Não arrisco dizer que seja a celebração mais festejada no Globo ou que esteja presente nos quatro canto do Mundo porque tenho uma ligeira percepção que ainda haverá muito boa gente que não ligue pêva ao "menino-nas-palhas-deitado", mas tenho o receio que esta tradição tão nossa (leia-se ocidental) passe a ser mais um produto exportado/impingido pela lógica da globalização, tanto a nível da sobreposição de uma cultura sobre as "colonizadas" mas também ao nível da "descaracterização" da própria tradição, tornando-a meramente num produto económico. Não que eu seja um ferveroso adepto da tradição católica, mas tendo sido educado no seio de uma comunidade católica, tenho valores que se mantêm próximos dos seus e dou relevância a certos hábitos e rituais que a caracterizam. E no meio disso tudo, devo dizer que tenho especial interesse e gozo em disfrutar da proximidade que se gera nesta época entre os membros da família. É a oportunidade de conviver com os familiares, reencontrar aqueles que já há muitos dias, meses, anos não víamos, poder por em dia a conversa, saber como vão as coisas, "saborear" a sua companhia, nem que seja por menos de um dia. E ter a possibilidade de ir visitar as diferentes "frentes" da família, embora não permita alongar o tempo que se está com cada uma, sempre dá o conforto de poder ter estado lá com todos. No meu entender a cultura católica tem muita coisa de incongruente e estúpido, mas os valores da família e o apoio que na nossa sociedade ela é para o indivíduo são coisas deveras importantes e que devemos saber valorizar.
Depois da febre do Natal, vem o vírus da passagem de ano, a chegada do Ano Novo. Como já tive oportunidade de referir num dos posts iniciais, não sou adepto ferrenho das celebrações anuais, quaisquer que sejam, prefiro antes tirar partido extra de cada momento por que passamos. Mas o Ano Novo já é uma instituição mais que estabelecida em todo o Globo (mais uma vez exportado na sua versão gregoriana, mas enfim) e está consagrada como uma festa quase que obrigatória para todos os cidadãos do Mundo. Felizmente que também há quem seja indiferente a este fenómeno; seria pouco viável conseguir ter toda a população a festejar ao mesmo tempo num sítio. E se esse fosse o caso, não poderia ter passado o fim do ano como passei este ano. Este acontecimento para mim é mais uma desculpa para poder estar com os amigos. Desta vez fiquei-me pela capital, enquanto que uns foram para sul, outros para fora, eu resolvi ficar por cá, também devido a limitações fisicas e laborais. Mas o facto é que fiquei em muito boa e importante companhia e pude matar um pouco de saudades da minha "mana" ausente. Mas como estava a dizer, se toda a gente estivesse a celebrar a passagem de ano, não poderia ter passado esses minutos enfiado no metropolitano em circulação pela linha verde (inédito e sui géneris para mim numa passagem de ano) nem mais tarde na madrugada do primeiro dia do novo ano, ter ido a várias farmácias procurar um medicamento em falta para uma das convivas. O facto é que foi uma noite, madrugada, alvorada para "beber" do melhor que a amizade nos dá. Pode ser um bom prenúncio para o ano que então começou...
Fazendo um pouco de ginástica matemática, imaginando uma recta Real, temos um ponto simétrico ao Natal, relativamente à Passagem de Ano (ponto zero) - o dia de Reis. Contrariamente ao que se passa aqui ao lado com nuestros hermanos, por cá não se dá grande ênfase a este dia, pelo menos não da forma que eles dão. Mas coincidiu que este ano o dia de Reis calhasse a uma sexta-feira, a primeira sexta do mês (e do ano, por sinal), o que na nossa cidade significa nos tempos presentes que há festa na Comuna. Foi uma boa forma de aproveitar a entrada no primeiro fim de semana do ano, e também o início do fim da baixa médica. E também uma forma de encontrar (e desejar um bom ano) a outros amigos que não pudera encontrar até então neste ano bebé. Mas acima de tudo, de poder passar uma noite divertida e cheia de música e dança (no meu caso ainda a três pernas) na companhia de bons amigos. Se calhar mais um bom prenúncio para o resto do ano (será que vou dizer isto até dia 30 de Dezembro?) ou então são já os efeitos do prenúncio da passagem de ano?

Tudo isto faz-me mais uma vez dar valor ao que tenho, especialmente às pessoas que fazem parte da minha vida. É essa a beleza da vida, ter com quem a partilhar.