segunda-feira, maio 01, 2006

Estúpido diálogo

[...]
- Sou um puto estúpido!
- Oh! Não és nada puto estúpido. Se tu és puto estúpido, então pensa em quantos não o são também e muito mais que tu. O que não falta para aí é putos estúpidos. Tu até...
- "Tu até" o quê? Até parece! Tal como eu, toda a gente "até qualquer coisa"! Não é por aí. E de facto, o que eu me sinto neste momento é um puto estúpido. Só me apetece enfiar num buraco e esconder este gajo que sinto colado à pele. Que irritante que é sentir-me assim. Apetece...
- Apetece?!? Tens de ver as coisas de forma diferente. Não deves ver tudo como estando contra ti. Tens de te lembrar de tudo de bom que já conseguiste e que consegues ter.
- Mas não é só ver as coisas que me rodeiam ou o que consegui ter e preservar. Isso eu vejo que é positivo, bastante até se for pensar em todos aqueles que não tiveram as oportunidades que eu pude disfrutar. O problema é ver-me a mim. É isso que me faz confusão. É isso que não fica bem na "fotografia".
- Eh pá, não digas disparates. As coisas são como são, tu és como és e já fazes aquilo que te compete para estares "bem na foto", em harmonia com o que te rodeia.
- Pois, pode ser que sim. Mas às vezes apetece retocar a imagem, ver-me de forma diferente no enquadramento. Ou então sair daquele enquadramento, ser alguém noutro lado qualquer, noutro lado do mundo...
- Meu amigo; isso são sonhos. Se te perturbam tanto, faz alguma coisa para tentares atingir alguma parte deles.
- Pois, falar é fácil! Agora conseguir fazer alguma coisa que leve a qualquer lado, isso já é mais complicado...
- Oh pá, não me venhas com essa. Não sejas estúpido!
[...]

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