domingo, maio 21, 2006

See you soon...

Há muito tempo que não tinha o privilégio de andar despreocupadamente na rua a sentir a chuva a cair em cima de mim suavemente... pude fazê-lo hoje, calmamente, vindo de um restaurante libanês onde fui buscar um lamb shawarma divinal para comer ao almoço em casa de um amigo que pacientemente me tem aturado por cá. Pelo caminho parei no Marks & Spencers para trazer uma caixa do já habitual ananás cortado que tão bem sabe, fresquínho, uns bocados doces, outros ácidos, todos sabororos e refrescantes.
É um até já a Londres...

O dia não está particularmente belo, o sol não se mostra mas a sua luz ainda passa; é como o fiel amigo que mesmo ausente, sei que está lá e com o qual podemos contar. A chuva gosta de se fazer sentir ocasionalmente, sem ser demasiado possessiva, tornando-se na amante mais prazerosa, que me aborda com os seus beijos e confortos de tempos a tempos, mas que não se impõe cansativamente, e por isso me deixa ansioso pelo seu regresso para voltar a poder sentir o seu toque molhado. O vento faz-se sentir, chato e rabugento, empurra-me para fora da rua, obriga-me a deixar para trás a chuva da qual já sinto saudades e a vir para o abrigo do interior da casa. Aqui está tudo calmo, protegido, quer do chato do vento quer da querida, desejada e ansiada chuva. A luz do sol ainda penetra neste abrigo confortante, mas as saudades da chuva que vejo ocasionalmente cair lá fora não são compensadas com os fracos lampejos de luminosidade que as nuvens deixam passar do fiel amigo. A vontade de voltar lá para fora para os braços da chuva é grande mas esbarra teimosamente na presença desagradável do desagradável do vento. Tenho de ficar aqui a contemplar com saudade o que não consigo ter, deixar o meu coração chorar pelo desgosto de não sentir a chuva, cada vez que aos olhos da minha mente ela surge em sonhos impossíveis de concretizar... Quero-te abraçar com força, quero que me encharques e me envolvas com o teu beijo de mil gotas, quero sentir o teu conforatante toque a mostrar-me que somos um! Por mais impossível que seja, por mais que o vento me faça perceber que tu não serás minha, quero ter tudo isso, quero poder sonhar com isso e esperar que um dia o vento não chegue onde tu te entregas a mim e o teu abraço me conforte sem haver mais com que contar. Entretanto o vento vai levar-te para longe e a distância e a ausência das tuas gotas deixar-me-ão murcho. Espero que não leves tempo demais a voltar e a poder reavivar o meu coração com o teu dilúvio.

1 comentário:

Anónimo disse...

LINDO!!!